quinta-feira, 7 de março de 2013

Resenha Crítica: Karate-do: A arte das mãos vazias


Karate-do: A arte das mãos vazias                                                                           


            Keith Sato Urbinati, mestre em Educação Física pela UDESC e graduada pela UFPR, tem uma grande linha de estudos e pesquisas na área de doenças crônico-degenerativas, pedagogia e fisiologia dos esportes de combate. Também faixa preta 2º Dan de Karate. Possui vários artigos publicados relacionados ao desempenho desportivo, comportamento motor, avaliações de aptidão física relacionadas à saúde e à performance, entre outros.
            O seu capítulo “Karate-do: A arte das mãos vazias” publicado no livro “Ensino de lutas: reflexões e propostas de programas”, dos autores Emerson Franchini e Fabricio Del Vecchio, traz além do conteúdo total e bem abordado desde a história do Karate-do, como seus principais valores, éticas, metodologias de aprendizagem e propostas do ensino da arte marcial, origem, estilos, elementos técnicos e características fisiológicas com dados estatísticos de principais artigos atuais, além disso cita diversos conteúdos mais complicados de serem abordados, em formas de esquemas e tabelas, tornando seu capítulo no livro fácil de ser compreendido e uma grande fonte para futuras pesquisas na área com embasamentos do Karate-do e até de outras artes marciais.
De acordo com o seu capítulo, o karate pode ser considerado uma arte marcial e sistema de autodefesa que se originou há centenas de anos atrás sob o nome de mãos chinesas – TODE, em Okinawa (Ilha ao sul do Japão), sendo também a arte marcial mais praticada e popular no mundo atualmente. Karate em japonês significa “mãos vazias” (kara = vazio, te = mãos), e faz uso de todas as partes do corpo para autodefesa. Esta luta foi desenvolvida em segredo devido à influência dos japoneses que conquistaram a região, proibindo o porte de armas, fazendo os súditos a praticar formas de combate sem arma.
      Funakoshi foi o primeiro a chamar a arte de Karate-do “o caminho das mãos vazias”. O “Dojo” (lugar onde se pratica o karate) significa “Lugar de Iluminação”, onde monges praticavam meditação, concentração, exercícios físicos e outros mais. Significa literalmente: “Do” (caminho, estrada espiritual), “Jo” (lugar).

      Existem cinco lemas que constituem o código de ética do karateka:
                       
           
Lemas do Karate
Japonês
Português
Hitotsu. Jinkaku Kansei ni Tsutomuro Koto.
Primeiro. Esforçar-se para formação do caráter.

Hitotsu. Makoto no Michi wo Mamoru Koto.
Primeiro. Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.

Hitotsu. Doryoku no Seishin o Yashinau Koto.
Primeiro. Criar o intuito de esforço.

Hitotsu. Reigi o Omonzuru Koto.
Primeiro. Respeitar acima de tudo.

Hitotsu. Kekki no Yu o Imashimuru Koto.
Primeiro. Reprimir o espírito de agressão.
Fonte: Funakoshi (1988)


      O Dojo Kun (Ética do dojo), sempre se inicia com a plavra Hitotsu, pois inserindo “primeiro” antes de cada ensinamento, quer dizer que todos têm a mesma importância.
      Atualmente existem diversos estilos de karate, e cada estilo é uma forma particular de se praticar uma determinada arte marcial, nesse sentido, diferentes estilos trarão nomes diferentes para golpes semelhantes, formas (kata) e fundamentos (kihons) próprios, diferentes progressões de faixa e até mesmo metodologias de ensino variadas. Em Okinawa do século XVIII, foi desenvolvido três importantes centros de estudos de Karate. Um deles em Shuri, outro em Naha, e o terceiro em Tomari. Cada nome refere-se à cidade onde foi criado o estilo, as diferenças entre os estilos são baseados nos locais de origem.

            Abaixo, uma detalhada descrição dos quatro principais estilos do Karate:

Descrição dos estilos goju-ryu, shotokan, shito-ryu e wado-ryu.
Estilo
Fundador
Características
Origem
Goju-Ryu
Mestre Chojum Miyagi (25/041888 a 08/10/1953)
Go (força) e Ju (flexibilidade), foi fundado pelo mestre Chojum Miyagi. Este estilo prima pelo bloqueio para dar mais rapidez ao ataque, utilizando a respiração “Kokyu” abdominal sonora.
Naha
Shotokan
Mestre Ginchin Funakoshi (10/11/1868 a 26/04/1957)
“Academia de Shoto”. Shoto em japonês significa Pinheiro, pseudônimo artístico o qual o mestre Funakoshi assinava seus poemas. O estilo Shotokan é ideal para longa distância, por ser uma técnica longa e ao mesmo tempo rápida (Funakoshi, 1979).
Shuri e Tomari
Shito-Ryu
Mestre Kenwa Mabuni (10/11/1889 a 1952)
Grande riqueza de formas (katas) e é uma fusão das características Naha-te e Shuri-te. A palavra Shito vem dos caracteres japoneses que escrevia o nome de seus professores: “Shi” representa o primeiro kanji do nome de Itosu e “To” representa o primeiro Kanji do nome de Higaona, enquanto “ryu” significa escola ou estilo (Mabuni, 2009)
Shuri e Tomari
Wado-Ryu
Mestre Hironori Otsuka
Estilo do caminho da paz foi criado pelo Mestre Hironori Otsuka e difere dos demais estilos por usar o mínimo esforço. Está baseado em princípios físicos e fisiológicos, utilizando esquivas, bases mais altas e nomenclatura própria e original desde a sua criação e técnicas peculiares do próprio estilo. Segundo a International Federation of Wado-ryu Karate-do Organization (2011), o estilo Wado-Ryu é uma mistura Shinto-Woshin-Ryu 7 e Woshin-Ryu, com o significado: “Nova Escola Salgueiro”.
Shuri e Tomari
             
           Atualmente existem diversas entidades organizando o esporte, cada um com regras específicas e ramificações em diferentes países e continentes. De acordo com o ministério do Esporte do Brasil em 2011, foi verificado que existem 11 entidades representativas do karate nacional. Entre os esportes de combate, o karate é a modalidade com maior número de Entidades Associativas.
            Pedagogicamente falando, os elementos técnicos do Karate é a Saudação, Fundamentos (kihon), Forma (kata) e Luta (Kumite).

1.    Saudação
            A saudação é uma demonstração de cortesia e é realizada no início e no final da aula de frente para o Shomen (forma de agradecimento aos desenvolvedores da arte). Pode ser feito de duas formas:
       RITSU REI – Cumprimento em pé
       ZAREI – Cumprimento sentado (SEIZA)

2.    Fundamentos (kihon)
            Constitui o treinamento dos fundamentos, de acordo com as técnicas do estilo. Divide-se em três grupos: Tecnicas de ataque, defesa e de base.

3.    As formas (kata)
            Pode ser definido como uma série de técnicas ofensivas e defensivas, realizada individualmente contra vários adversários imaginários, executados numa sequência pré-determinada de ataques e defesas. As técnicas são passadas em geração, de professor para aluno, sendo a principal forma de manutenção do Karate. Os katas auxiliam o iniciante a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentação, defesa e ataque. Abaixo o número de katas por estilo.

Shotokan
Conjunto de 26 katas
Goju-Ryu
23 katas
Wado-Ryu
15 katas
Shitoryu
Estilo com maior número, com 57 katas



4.    A Luta (kumite)
      O kumite pode ser definido como a luta propriamente dita. Existem três formas de kumite: básico, jiyu ippon kumite e jiyu kumite. Cada kumite favorece algumas regras básicas e algumas limitações de técnicas algumas vezes, mas em geral, todas visam a integridade física dos atletas, procurando valorizar o respeito com o oponente, procurando não efetuar um golpe traumatizante.

      Estudos mais aprofundados descrevem que o kumite apresenta ações de alta intensidade por combate, com tempo de 0,5 a 1,3 segundos e de 0,3 a 2,1 segundos por ação motora. Em relação à demanda energética nas provas de kumite, o metabolismo aeróbio (77,8%) é a principal fonte de energia envolvida durante as lutas. Porém, o metabolismo anaeróbico tem sido uma fonte de energia relevante relacionada às ações de alta intensidade. Pela característicam acíclica, o karate pode ser considerado modalidade esportiva intermitente.
      De acordo com o modelo Canadense “Karate for Life”, a proposta metodológica respeita oito estágios: (1) Karate inicial, (2) karate fundamental, (3) aprender para treinar, (4) treinar para treinar, (5) treinar para competir, (6) treinar para obtenção de resultado, (7) treinar para vencer, (8) karate para a vida. Os três primeiros estágios são compostos de atividades recreativas. Do quarto ao sétimo estágios já são efetuadas atividades competitivas. O oitavo e último estágio é a aquisição de novas técnicas e princípios filosóficos do karate-do. Cada estágio deve ser respeitado para que o aluno consiga maximizar seus resultados, desde os primeiros estágios visando seu aperfeiçoamento motores e cognitivos, até os últimos, onde existe o alto rendimento competitivo e técnicas mais aperfeiçoadas.
      O seu capítulo no livro é bem objetivo e completo, pode-se recomendar esta obra à todos que estejam buscando conteúdo geral sobre a arte marcial Karate e desejam ler uma obra muito satisfatória com conteúdo e fácil de ser entendida para todos aqueles que buscam um aprofundamento científico do Karate-do.


Nessa aula aprenderemos mais um pouco das tecnicas do Karatê...



Bases


Movimentação para chute
 

Na aula do dia 21/02/2013 a nossa professora trouxe a sua atleta para auxiliar na sua aula;


Continuamos vendo algumas bases:



Aprendemos tambem alguns chutes. Abaixo uma lista dos principais golpes realizados no Karatê:

          Aqui uma demonstraçao de uma luta (kumite) entre a nossa professora e a sua aluna.Vale destacar que so foi uma forma de mostrar como os golpes que aprendemos até agora são usados numa luta.


          A professora pediu a sua atleta que apresenta-se a nossa turma um Kata que é realizado a partir dos fundamentos aprendidos e realizados contra adversários imaginários e ajudam a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentação,defesa e ataque. (URBINATI, K.S)
    



URBINATI, K.S. Karate-do: a arte das mãos vazias. In: Emerson Franchini; Fabricio Del Vechio. (Org.). Ensino de lutas: reflexões e propostas de progras. 1ª ed. São Paulo: Scortecci, 2012, v. 1, p. 106-143.

Gabriel Manto Karate. Karatê. Disponível em: <gabrielmanokarate.blogspot.com>. Acesso em 05/03/2013..


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