Karate-do: A arte das mãos vazias
Keith
Sato Urbinati, mestre em Educação Física pela UDESC e graduada pela UFPR, tem
uma grande linha de estudos e pesquisas na área de doenças
crônico-degenerativas, pedagogia e fisiologia dos esportes de combate. Também
faixa preta 2º Dan de Karate. Possui vários artigos publicados relacionados ao
desempenho desportivo, comportamento motor, avaliações de aptidão física
relacionadas à saúde e à performance, entre outros.
O
seu capítulo “Karate-do: A arte das mãos vazias” publicado no livro “Ensino de lutas: reflexões e propostas de programas”,
dos autores Emerson Franchini e Fabricio Del Vecchio, traz além do conteúdo
total e bem abordado desde a história do Karate-do, como seus principais valores,
éticas, metodologias de aprendizagem e propostas do ensino da arte marcial,
origem, estilos, elementos técnicos e características fisiológicas com dados
estatísticos de principais artigos atuais, além disso cita diversos conteúdos
mais complicados de serem abordados, em formas de esquemas e tabelas, tornando
seu capítulo no livro fácil de ser compreendido e uma grande fonte para futuras
pesquisas na área com embasamentos do Karate-do e até de outras artes marciais.
De acordo com o seu
capítulo, o karate pode ser considerado uma arte marcial e sistema de
autodefesa que se originou há centenas de anos atrás sob o nome de mãos
chinesas – TODE, em Okinawa (Ilha ao sul do Japão), sendo também a arte marcial
mais praticada e popular no mundo atualmente. Karate em japonês significa “mãos
vazias” (kara = vazio, te = mãos), e faz uso de todas as partes do corpo para
autodefesa. Esta luta foi desenvolvida em segredo devido à influência dos
japoneses que conquistaram a região, proibindo o porte de armas, fazendo os súditos
a praticar formas de combate sem arma.
Funakoshi foi o primeiro a chamar a arte de Karate-do “o
caminho das mãos vazias”. O “Dojo” (lugar onde se pratica o karate) significa
“Lugar de Iluminação”, onde monges praticavam meditação, concentração, exercícios
físicos e outros mais. Significa literalmente: “Do” (caminho, estrada
espiritual), “Jo” (lugar).
Existem cinco lemas que constituem o código de ética do
karateka:
Lemas do Karate
Japonês
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Português
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Hitotsu.
Jinkaku Kansei ni Tsutomuro Koto.
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Primeiro. Esforçar-se para formação do caráter.
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Hitotsu.
Makoto no Michi wo Mamoru Koto.
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Primeiro. Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.
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Hitotsu.
Doryoku no Seishin o Yashinau Koto.
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Primeiro. Criar o intuito de esforço.
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Hitotsu.
Reigi o Omonzuru Koto.
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Primeiro. Respeitar acima de tudo.
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Hitotsu.
Kekki no Yu o Imashimuru Koto.
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Primeiro. Reprimir o espírito de agressão.
|
Fonte:
Funakoshi (1988)
O Dojo Kun (Ética do dojo), sempre se inicia com a plavra Hitotsu, pois inserindo “primeiro” antes
de cada ensinamento, quer dizer que todos têm a mesma importância.
Atualmente existem diversos estilos de karate, e cada estilo é
uma forma particular de se praticar uma determinada arte marcial, nesse
sentido, diferentes estilos trarão nomes diferentes para golpes semelhantes,
formas (kata) e fundamentos (kihons) próprios, diferentes progressões de faixa
e até mesmo metodologias de ensino variadas. Em Okinawa do século XVIII, foi
desenvolvido três importantes centros de estudos de Karate. Um deles em Shuri, outro em Naha, e o terceiro em Tomari.
Cada nome refere-se à cidade onde foi criado o estilo, as diferenças entre os
estilos são baseados nos locais de origem.
Abaixo,
uma detalhada descrição dos quatro principais estilos do Karate:
Descrição dos estilos goju-ryu, shotokan,
shito-ryu e wado-ryu.
Estilo
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Fundador
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Características
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Origem
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Goju-Ryu
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Mestre Chojum Miyagi (25/041888 a 08/10/1953)
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Go
(força) e Ju (flexibilidade), foi fundado pelo mestre Chojum Miyagi. Este estilo prima pelo bloqueio para dar mais
rapidez ao ataque, utilizando a respiração “Kokyu” abdominal sonora.
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Naha
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Shotokan
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Mestre Ginchin Funakoshi (10/11/1868 a
26/04/1957)
|
“Academia
de Shoto”. Shoto em japonês significa Pinheiro, pseudônimo artístico o qual
o mestre Funakoshi assinava seus poemas. O estilo Shotokan é ideal para longa distância, por ser uma técnica longa
e ao mesmo tempo rápida (Funakoshi, 1979).
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Shuri e Tomari
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Shito-Ryu
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Mestre Kenwa Mabuni (10/11/1889 a 1952)
|
Grande
riqueza de formas (katas) e é uma
fusão das características Naha-te e
Shuri-te. A palavra Shito vem dos caracteres japoneses que
escrevia o nome de seus professores: “Shi”
representa o primeiro kanji do nome
de Itosu e “To” representa o primeiro Kanji
do nome de Higaona, enquanto “ryu” significa escola ou estilo
(Mabuni, 2009)
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Shuri e Tomari
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Wado-Ryu
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Mestre Hironori Otsuka
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Estilo
do caminho da paz foi criado pelo Mestre Hironori
Otsuka e difere dos demais estilos por usar o mínimo esforço. Está
baseado em princípios físicos e fisiológicos, utilizando esquivas, bases mais
altas e nomenclatura própria e original desde a sua criação e técnicas
peculiares do próprio estilo. Segundo a International
Federation of Wado-ryu Karate-do Organization (2011), o estilo Wado-Ryu é uma mistura Shinto-Woshin-Ryu 7 e Woshin-Ryu, com
o significado: “Nova Escola Salgueiro”.
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Shuri e Tomari
|
Atualmente
existem diversas entidades organizando o esporte, cada um com regras
específicas e ramificações em diferentes países e continentes. De acordo com o
ministério do Esporte do Brasil em 2011, foi verificado que existem 11
entidades representativas do karate nacional. Entre os esportes de combate, o
karate é a modalidade com maior número de Entidades Associativas.
Pedagogicamente
falando, os elementos técnicos do Karate é a Saudação, Fundamentos (kihon), Forma (kata) e Luta (Kumite).
1. Saudação
A
saudação é uma demonstração de cortesia e é realizada no início e no final da
aula de frente para o Shomen (forma
de agradecimento aos desenvolvedores da arte). Pode ser feito de duas formas:
RITSU REI – Cumprimento em pé
ZAREI – Cumprimento sentado (SEIZA)
2. Fundamentos
(kihon)
Constitui o treinamento dos fundamentos, de acordo com as técnicas do
estilo. Divide-se em três grupos: Tecnicas de ataque, defesa e de base.
3. As
formas (kata)
Pode
ser definido como uma série de técnicas ofensivas e defensivas, realizada
individualmente contra vários adversários imaginários, executados numa
sequência pré-determinada de ataques e defesas. As técnicas são passadas em
geração, de professor para aluno, sendo a principal forma de manutenção do
Karate. Os katas auxiliam o iniciante
a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentação, defesa e
ataque. Abaixo o número de katas por estilo.
Shotokan
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Conjunto de 26 katas
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Goju-Ryu
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23 katas
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Wado-Ryu
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15 katas
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Shitoryu
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Estilo com maior número, com 57 katas
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4.
A Luta (kumite)
O kumite pode ser
definido como a luta propriamente dita. Existem três formas de kumite: básico, jiyu ippon kumite e jiyu
kumite. Cada kumite favorece
algumas regras básicas e algumas limitações de técnicas algumas vezes, mas em
geral, todas visam a integridade física dos atletas, procurando valorizar o
respeito com o oponente, procurando não efetuar um golpe traumatizante.
Estudos mais aprofundados descrevem que o kumite apresenta
ações de alta intensidade por combate, com tempo de 0,5 a 1,3 segundos e de 0,3
a 2,1 segundos por ação motora. Em relação à demanda energética nas provas de
kumite, o metabolismo aeróbio (77,8%) é a principal fonte de energia envolvida
durante as lutas. Porém, o metabolismo anaeróbico tem sido uma fonte de energia
relevante relacionada às ações de alta intensidade. Pela característicam
acíclica, o karate pode ser considerado modalidade esportiva intermitente.
De acordo com o modelo Canadense “Karate for Life”, a proposta metodológica respeita oito estágios:
(1) Karate inicial, (2) karate fundamental, (3) aprender para treinar, (4)
treinar para treinar, (5) treinar para competir, (6) treinar para obtenção de
resultado, (7) treinar para vencer, (8) karate para a vida. Os três primeiros
estágios são compostos de atividades recreativas. Do quarto ao sétimo estágios
já são efetuadas atividades competitivas. O oitavo e último estágio é a
aquisição de novas técnicas e princípios filosóficos do karate-do. Cada estágio
deve ser respeitado para que o aluno consiga maximizar seus resultados, desde
os primeiros estágios visando seu aperfeiçoamento motores e cognitivos, até os
últimos, onde existe o alto rendimento competitivo e técnicas mais aperfeiçoadas.
O seu capítulo no livro é bem objetivo e completo, pode-se recomendar esta obra à todos que estejam buscando conteúdo geral sobre a arte marcial Karate e desejam ler uma obra muito satisfatória com conteúdo e fácil de ser entendida para todos aqueles que buscam um aprofundamento científico do Karate-do.
Nessa aula aprenderemos mais um pouco das tecnicas do Karatê...
Na aula do dia 21/02/2013 a nossa professora trouxe a sua atleta para auxiliar na sua aula;
Continuamos vendo algumas bases:
Bases |
Movimentação para chute |
Na aula do dia 21/02/2013 a nossa professora trouxe a sua atleta para auxiliar na sua aula;
Continuamos vendo algumas bases:
Aqui uma demonstraçao de uma luta (kumite) entre a nossa professora e a sua aluna.Vale destacar que so foi uma forma de mostrar como os golpes que aprendemos até agora são usados numa luta.
A professora pediu a sua atleta que apresenta-se a nossa turma um Kata que é realizado a partir dos fundamentos aprendidos e realizados contra adversários imaginários e ajudam a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentação,defesa e ataque. (URBINATI, K.S)
URBINATI, K.S. Karate-do: a arte das mãos vazias. In: Emerson Franchini; Fabricio Del Vechio. (Org.). Ensino de lutas: reflexões e propostas de progras. 1ª ed. São Paulo: Scortecci, 2012, v. 1, p. 106-143.
Gabriel Manto Karate. Karatê. Disponível em: <gabrielmanokarate.blogspot.com>. Acesso em 05/03/2013..
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